domingo, 20 de novembro de 2011

Curitiba inaugura primeiro Museu do Holocausto do Brasil


ROGER PEREIRA
Direto de Curitiba
Será inaugurado neste domingo, em Curitiba (PR), o primeiro Museu do Holocausto do Brasil. Criados pela comunidade judaica para manter na memória da população mundial a tragédia liderada pelos nazistas antes e durante a Segunda Guerra Mundial, museus como o da capital paranaense já existem em Argentina, Canadá, África do Sul, Austrália, diversos países europeus e em vários Estados norte-americanos.
O acervo do Museu, em formação e expansão permanente, segundo o coordenador, Carlos Reiss, está nascendo com peças doadas - algumas delas réplicas - por unidades estrangeiras (entre elas, o Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém) e objetos doados por representantes da comunidade judaica paranaense, que sobreviveram ao genocídio. O Museu do Holocausto reúne documentos, peças históricas e fotografias, além de reservar um espaço para homenagear as vítimas e os sobreviventes.
"Mais do que relembrar e preservar a história, o objetivo principal é contribuir para a educação. Por isso, desenvolvemos um projeto pedagógico preparado especialmente para escolas, envolvendo visitas guiadas e orientação aos professores e estudantes", disse Reiss. O presidente da Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, Miguel Krigsner, à frente do grupo O Boticário, disse que a escolha da capital paranaense para abrigar a primeira unidade brasileira se deve ao fato de Curitiba e o Estado contarem com número expressivo de judeus e descendentes europeus, inclusive as famílias de 82 sobreviventes do holocausto (dos quais, 15 ainda estão vivos e contribuem com testemunhos).
Para ele, a iniciativa procura "trazer à luz um dos períodos mais tristes do século XX. O museu não pretende atacar nenhuma etnia, não tem nenhum intuito político, mas levar à reflexão sobre o momento atual, sobre a intolerância e a violência, que existem e atualmente vêm à tona especialmente sobre negros e homossexuais", comparou. Ele lembrou que o museu também é fundamental para esclarecer a história à população mais jovem. "Começam a surgir notícias de que o holocausto não existiu. De que é uma mentira judaica. Grande parte da família de meu pai desapareceu na Polônia. Onde ela foi parar? Foi abduzida do planeta?", questionou.
O Museu do Holocausto de Curitiba destaca o período pré-guerra, conhecido como vida plena judaica; durante a guerra, mostrando os guetos e campos de concentração, resistência, e o pós-guerra, tanto na Europa, com os campos de refugiados, quanto as rotas de imigração, e a chegada ao Paraná. O espaço oferece terminais com computadores para a consulta digital de documentos e arquivos de áudio e vídeo sobre a história de alguns itens do acervo.
Torá
Entre os objetos expostos estão peças históricas importantes, como um fragmento de Torá, cedida oficialmente pelo Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém; um cartão de racionamento alimentar no valor de 1 RM, usado no campo de Buchenwald, Alemanha; réplicas de bonecas das crianças da época; fotografias e cartazes de propaganda nazista, utilizados como método de controle de massa e propagação de uma ideologia antissemita oficial por parte do governo.

Na parte externa, pedras trazidas de Jerusalém e vitrais argentinos decoram a fachada. Embora o museu seja inaugurado neste domingo, as visitas serão abertas ao público a partir de 12 de fevereiro, sempre agendadas pelo site ou por telefone com antecedência de 24 horas no mínimo e em horários especiais. Um dos focos do museu será a visitação para grupos de alunos e estudiosos do assunto.
O coordenador do museu, Carlos Reiss, explica que a inauguração será feita em parte este mês para aproveitar o encontro nacional de lideranças de sociedades brasileiro-israelenses em Curitiba. O tempo restante, até fevereiro, será dedicado a encorpar o acervo, ainda em fase de consolidação.


O acervo do Museu, em formação e expansão permanente, está nascendo com peças doadas - algumas delas réplicas - por unidades estrangeiras

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